
Tag: política científica
Reproduzo aqui a reportagem de David H. Price e sua entrevista com Marshall Sahlins. O antropólogo renunciou nesta semana à sua cadeira na Academia Nacional de Ciência (do EUA) em protesto à indicação de Napoleon Chagnon para a instituição e também contra a crescente militarização da ciência. Na mesma semana em que o julgamento do soldado Bradley Manning ocorre, acusado de disponibilizar documentos sigilosos do exército americano ao Wikileaks, questões relativas à militarização de vida social entram novamente em debate.
fonte do artigo em portugues: Rede Democrática
Por David H. Price
Sahlins foi eleito membro da Academia Nacional de Ciências em 1991.
Adiante, a declaração em que explica a renúncia:
“Como seus próprios escritos comprovam, além de vários testemunhos, dentre os quais de povos, profissionais e estudiosos da Região Amazônica, Chagnon provocou grave dano às comunidades indígenas entre as quais conduziu suas pesquisas. Simultaneamente, suas opiniões ‘científicas’ sobre a evolução humana e a seleção genética que favoreceria a violência nos machos – como se lê em estudo que publicou em 1988 no periódico Science – já se comprovaram rasas e sem qualquer base de comprovação, o que muito contribuiu para o descrédito de toda a Antropologia. Para dizer o mínimo, sua eleição para a Academia Nacional de Ciências dos EUA é grave mácula moral e intelectual a pesar sobre todos os membros da Academia, motivo pelo qual minha participação nessa Academia converte-se, para mim, em grave embaraço.
Tampouco desejo ser parte da ajuda, do apoio, do conforto que essa Academia Nacional de Ciências está dando à pesquisa nas ciências sociais dirigida para aprimorar o desempenho em combate dos militares norte-americanos, militares os quais já cobram preço excessivo ao povo norte-americano, em sangue, dinheiro e felicidade, além do sofrimento que impuseram a outros povos nas desnecessárias guerras desse século. Entendo que a Academia Nacional de Ciências dos EUA, ainda que trabalhe para os militares, tem de estudar para promover a paz, em vez de estudar meios para promover mais guerras.”
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Reproduzo abaixo carta da Profa. Dra. Rita Cruz (Coord. do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da FFLCH/USP) sobre a proposta de alteração regimental na pós-graduação da USP.
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Universidade Classe Mundial: paradoxos de um pensamento ao mesmo tempo neoliberal e neocolonialista
- exame de qualificação obrigatório para todos os alunos da pós-graduação, a realizar-se em até 12 meses de seu ingresso;
- exclusão da possibilidade de re-apresentação do Relatório de Qualificação no caso de reprovação;
- necessidade de parecer prévio por escrito, para teses de doutorado, podendo o candidato/aluno ser impedido de defender publicamente seu trabalho no caso de a maioria dos pareceres escritos indicar inaptidão à defesa;
- orientador sem direito a voto nas bancas examinadoras finais.