Política Tecnológica: infos sobre padrão digital radio mondiale (DRM)

Carta Aberta das Rádios e TVs Livres pela escolha do DRM (Digital Radio
Mondiale) como padrão técnico para o SBRD (Sistema Brasileiro de Rádio
Digital).

Através desta carta, nós de Rádios e TVs Livres expressamos nossas
reflexões sobre a melhor opção para o Rádio Digital no Brasil e no mundo.
Defendendo a livre apropriação do meio Rádio, por qualquer grupo de
pessoas que queira se expressar livremente, sem censura ou fronteira,
local e globalmente, somos a favor da escolha do DRM – Digital Radio
Mondiale – como o padrão de Rádio Digital a ser adotado no Brasil e no
Mundo.

Ponto 0 – Existem implementações disponíveis para download tanto da
modulação quanto da demodulação do DRM, tornando possível a criação de
moduladores/excitadores DRM a um baixo custo utilizando-se plataformas de
SDR (Software Defined Radio).

Ponto 1 – O DRM permite que se aumente o número de rádios na faixa da
atual transmissão FM, visto que cada rádio FM ocupa 200kHz, e uma
transmissão DRM nessa faixa ocupa 100kHz. Na verdade, visto que numa mesma
transmissão DRM pode-se transmitir 4 serviços de áudio, seria possível
rádios livres de uma mesma região se unirem, por exemplo, e tornar o
aumento que o DRM proporciona em número de rádios possíveis em 8 vezes (2
vezes devido a utilização de metade da banda do FM, e 4 vezes devido a
possibilidade de se transmitir 4 rádios utilizando-se um único canal DRM).

Ponto 2 – Rádios que hoje transmitem na faixa de Ondas Médias e Ondas
Curtas terão grande aumento da qualidade do áudio. Rádios que hoje
transmitem na faixa do FM poderão transmitir em até 5.1 surround. É
possível transmitir slideshows de fotografias, textos, websites, e até
vídeo ao vivo em baixa definição no padrão DRM, para receptores que
suportem esses recursos.

Ponto 3 – O DRM funciona para se transmitir na faixa de ondas curtas, oque
torna possível rádios com alcances continentais e até intercontinentais.
Além disso permite a utilização de faixas de broadcast em ondas curtas
hoje totalmente inutilizadas, como a faixa dos 26MHz, que potencialmente
podem ser utilizadas para permitir que muitas novas rádios sejam criadas,
e que durante o período de transição do analógico para o digital, todas as
rádios tenham espaço no espectro para transmitir em analógico e digital.
Nenhum outro padrão de Rádio Digital funciona na faixa de Ondas Curtas.

Ponto 4 – Para se obter a mesma área de cobertura de um transmissor
analógico, utilizando-se o sistema DRM, é necessário o uso de
aproximadamente somente 1/10 da potência utilizada no transmissor
analógico, ou seja, o padrão DRM trará uma enorme economia de energia para
as rádios, além do transmissor ficar bem mais barato, já que a parte mais
cara de um sistema de transmissão é a parte de potência do mesmo.

Ponto 5 – O DRM é um padrão mundial novo, sendo que países de dimensão
continental como a Índia e a Rússia já anunciaram sua adoção. Isso abre a
possibilidade de um padrão para Rádio Digital que seja utilizado
globalmente.

Ponto 6 – O DRM é um padrão de Rádio Digital que permite que rádios de
baixa potência existam, assim como rádios de grande potência e mantém o
esquema descentralizado de transmissão do rádio, que é como deve ser, para
possibilitar que todos possam transmitir/receber, onde quer que estejamos.

Ponto 7 – O DRM é o melhor padrão de Rádio Digital que existe em nossa
visão, visto que o grupo de padrões que requerem uma distribuição
centralizada (como o DAB) nós rechaçamos, visto que isso gera um controle
centralizado das transmissões, e o outro grande padrão considerado, o HD
Radio, é propriedade de somente uma empresa, e assim como outro padrão de
rádio digital, o ISDB-Tsb, eles utilizam maior banda espectral do que o
DRM, favorecendo a escassez de canais para rádios, contribuindo para a
manutenção dos grandes monopólios.

Ponto 8 – Já temos o conhecimento de como transmitir e receber DRM, ler
“http://www.radiolivre.org/node/3825” e
“http://www.radiolivre.org/node/3807”, de forma que em breve teremos
nossos transmissores DRM a um baixo custo.

Ponto 9 – Somos contra o desenvolvimento de um padrão técnico nacional,
visto que o padrão DRM atende a todas as necessidades brasileiras e
mundiais. Além disso o consórcio que gere as normas do DRM e seu futuro é
uma organização aberta que aceita novos membros, desenvolvimentos e
melhorias. Queremos um padrão técnico mundial, de forma que as pessoas
possam transmitir e receber rádio sem fronteiras nem censuras.

Assinado,
Rádio Pulga
Rádio Muda
Rádio Xibé
Rádio Capivara
TV Piolho
Rizoma radiolivre.org